Dentaduras de Marfim na Casa da Hera, em Vassouras (RJ)

 
O Museu Casa da Hera "fica no alto de uma ladeira”. É uma enorme propriedade onde se pode ter uma idéia do fausto em que viveu a aristocracia local.

Ali viveram os Teixeira Leite. Eufrásia Teixeira Leite, última proprietária da casa, conseguiu mantê-la original, com um acervo de móveis franceses, raras porcelanas e uma indumentária feminina em bom estado.

Além da hera que lhe dá o nome, chamam a atenção o seu piano Henri Hertz do século XIX, os papéis de parede que decoram salas e quartos, belíssimos lustres e a biblioteca.

O guia Celso conta a história do casarão aos grupos que transitam com pantufas.

A diretora Isabel Rocha Ferreira credita a beleza atual do Museu à colega Ely Gonçalves, autora do lindo Guia do Museu. Em seguida, exibe duas dentaduras parciais inferiores, confeccionadas em marfim, encontradas no acervo. Não se sabe a quem pertenceram. As próteses mostram-se desgastadas pelo uso. Os trabalhos foram esculpidos a partir de um bloco, como seria possivel fazer na época (1800). O lado esquerdo mostra um extremo livre, abrangendo três dentes (35,36 e 37). O grampo que apoia no 34 tem a forma da face vestibular do dente, o que demonstra que estava parcialmentre destruído.

O lado direito é constituído de um aro que circunda um primeiro molar (o 46), um dente artificial (o 45) e um grampo que apóia no 44. Uma barra lingual liga os dois lados, abrangendo dentes anteriores.

Medições de Isabel mostram que as próteses têm 5 cm de comprimento ântero-posterior e 6 cm de largura entre os rebordos direito e esquerdo.

Para aumentar o equilíbrio das próteses na boca, quem as construiu fez duas pequenas perfurações no interior do marfim, alojando um pequeno pino de madeira ou de couro. As pontas dos pinos se localizam um pouco acima da linha do colo dos dentes retentores, promovendo uma fixação melhor.

Segundo Isabel, era comum o uso de pinos confeccionados em couro para outras utilidades. Como o tempo os petrificou, não é muito fácil determinar o material em que foram feitos.

Uma das próteses tem a sela um pouco maior que a da outra. O desgaste também é diferente nas duas.

Os trabalhos foram examinados anteriormente pelo dentista local, Dr. Carlos Roberto Teixeira Rodrigues (C.R.T.Rodrigues@uol.com.br), que presenteou o Museu da Casa da Hera (etvass@zas.com.br) com um belo painel sobre o assunto.